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Phantom na Broadway

Não entendo nada de teatro, de musical, de música, de cenografia ou o escambau. Mas tenho algumas opiniões da minha primeira vez na Broadway, hehe.

Antes de mais nada: adorei. Foi lindo ver o Fantasma na Broadway!

Vamos ao profundo.


O Majestic, teatro do Fantasma na Broadway, é fofo e aconchegante, com detalhes que remetem demais a própria Opera Populaire em que se passa a história. 

Mas tem dois problemas que podem ser complicados, principalmente para uma primeira vez: os lugares que chamam de Orchestra, debaixo da marquise não tem visão do lustre. Do lustre! Outro problema: o som das vozes é baixo em muitos momentos. =/

Para o público das frisas, mezanino e, claro, os debaixo do lustre, a visão deve ser magnífica; mas o som deve ser ótimo só para quem está bem perto mesmo. E não parece ser um problema do sistema de som, pois a voz do Fantasma ressoa muito bem quando precisa pelo sistema de som. Parece ser uma escolha estética mesmo para que tenhamos a impressão de que ouvimos praticamente o gogó dos cantores, que se por um lado dá uma experiência bem crua da peça, por outro perde muito em potência se você não está muito perto do palco.

Ao palco, portanto.

Menor que o palco disponível no Teatro Renault, mas tamanho de palco não é documento. Aliás, a montagem parece ter sido feita, na verdade, para um palco menor e o cenário maravilhoso preenche cada centímetro dele.

Há um único detalhe diferente no palco da Broadway que não tem no Renault: um alçapão no centro que serve de escada-abaixo do palco. Funciona muito bem na transição de duas cenas, principalmente quando Raoul e Christine sobem ao terraço depois de Il Muto (na montagem nacional, eles aparecem normalmente da lateral, atrás do cenário como tantas outras vezes; na montagem da Broadway, eles sobem por essa escada no meio do palco). Um detalhe que é usado duas vezes na peça toda, mas dá um efeito muito bom e adiciona aos 'truques' práticos de brincar com o cenário que torna a peça tão incrível.

A montagem nacional, aliás, tem absoluto e exatamente a mesma qualidade do cenário/figurino da montagem da Broadway. É bem impressionante a fidelidade do que trouxeram para o Brasil, não deve em nada ao que é mostrado na Broadway (com o bônus que qualquer poltrona tem visão do lustre e o sistema de som é bem mais claro e evidente).

A orquestração é outro ponto no mínimo curioso da montagem da Broadway. Eu fiquei com a impressão de que muitas passagens e até mesmo canções inteiras tem um andamento ligeiramente mais veloz que as gravações mais conhecidas e a versão do Teatro Renault (como Think of Me, All I Ask of You) e passagens cantadas por entre várias cenas pareciam super apressadas, tirando um pouco o peso dramático que deveriam ter.

Algumas letras também mudaram do original de 86, mas isso num deve ser coisa recente; não gostei de todo modo, mas o grosso das músicas continua intacto. Houve uma mudança no solo vocal da Christine ao final de Think of Me que mudou andamento, sequência, ficou estranhíssimo. =/ E no solo heróico da mesma Christine no final de Phantom of the Opera (aquele do Sing for me!) é acompanhado por um incomodante solo de guitarra.

Po, esse é O MOMENTO da Christine soltar a voz e tem uma guitarra em cima muito alta (e eu gosto de guitarra, hein).

Masquerade é absolutamente maravilhosa, mas novamente o volume abaixo não faz jus à explosão que é a música. Uma pena. Aliás, o volume baixo atrapalha vários momentos que precisam ser explosivos na peça: como a morte de Bouquet, cujo corpo cai de forma muito controlada, enquanto no Brasil, ele realmente aparece em queda-livre enforcado, é impactante. Ou até mesmo a morte de Piangi revela-se com pouca força por causa do volume.

Aliás, vamos aos personagens!

O Fantasma é foda (Ben Crawford). Canta muito e atua muito bem também. Raoul tem uma vozinha mais fraca, e o problema do volume não o ajuda (Jay Armstrong Johnson), mas gostei do Raoul de bigodinho, haha. A Christine arrebenta e tem um puta vozeirão lindo também (Ali Ewoldt). A Madam Giry também tem um vozeirão incrível que é capaz de vencer a equalização estranha, puta cantora (Maree Johnson). Carlotta (Raquel Suarez Groen) também tem uma puta voz afinada e, pra variar, Piangi veio com uma vozinha de nada.

Num sei o que tá acontecendo com o Piangi, no filme, no especial de 25 anos, nessa montagem, na do Brasil, o personagem parece ter perdido a força vocal que tinha no original de 86 e na montagem de 2004. Aliás, o personagem parece que vai inclusive afinando cada Piangi que eu vejo. =) É doido isso.

Se eu pareço cricri com a montagem é porque gosto de ficar prestando atenção e comparando.

Novamente, é uma experiência linda poder ver o Fantasma no teatro.

E quanto mais vemos, mais detalhes percebemos, como em cenas que há um grande número de atores em cena, como cada um está reagindo e tendo seu próprio diálogo ao redor do caso em pauta.

Convido os amigos já rodados em Fantasma para assistirem a peça e ficarem de olho na Madame Giry em todas as cenas que ela aparece; inclusive e principalmente quando ela não está no foco do diálogo/música. Suas reações com tudo que acontece são incríveis, principalmente se considerarmos que ela é a ponte entre os convivas do Teatro e o Fantasma. Sério. Em Masquerade, esqueçam todo o resto do elenco e prestem atenção na Giry o tempo todo para notarem nuances muito bacanas dela. =) Como ela recepciona todos os convidados, conversa, e entre um ou outro afago, fica de olho no casal Raoul e Christine, com extrema preocupação, pois sabe da treta que seria (enquanto todos os demais estão ocupados festejando).

E quando finalmente aparece o Fantasma no topo da escada, ela imediatamente olha para o casal; e quanto o Fantasma ameaça a todos na festa e todos reagem tentando se proteger, ela pouco dá pela presença do Fantasma, que não a amedronta.

Enfim, é foda. Aliás, eu adoro a Madame Giry. =)

Eu adoro o Fantasma.

Escrevi demais, porque me empolgo. E quero ver mais vezes e reparar coisas mais!

Bruno Portella

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