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Jesus Cristo Super Star

Jesus Cristo. Super Star.

Inevitável não sair cantando o mantrinha final desse musical curioso pra dizer o mínimo. Junte os últimos dias de Cristo (sim, aquele da bíblia) sob o ponto de vista de Judas traidor e adicione a tudo isso um rock setentista quase farofento e delicioso.

E não é à toa que o rock setentista gira nos calcanhares a Via Crucis nesse musical, afinal a montagem data de 73 do gênio da Broadway Andrew Lloyd Webber (cujo ápice está na máscara do Fantasma). É verdade, claro que a montagem passou por seus momentos de protestos da igreja - tão comuns até hoje nos Estados Unidos.


Quarenta anos depois, o musical estreou no Brasil e a nossa classe cristã não desapontou - montou protesto em frente ao Instituto Tomie Ohtake. Quarenta anos depois.

Menos sobre essa tontice e mais sobre a arte - a união de um rock prazeroso, como é o dos anos 70, aos trágicos dias de Jesus parecem combinar muito mais com a rebeldia de Judas do que à pieguice de Cristo - e não é à toa, claro, que Judas roube a cena nesse que parece ser, evidente, o ponto de vista de Iscariotes - daí o rock paulera.

Judas, aliás, que é encarnado pelo vocalista de metal Alírio Netto (que chegou a ser cogitado até pra ser vocalista do nosso Angra) e é praticamente a atração dessa montagem disparando um vocal insano de revolta e talento. Uma pena, apenas, que o teatro (ou os profissionais talvez) não seja preparado para um show de rock e o instrumental (grande motor do musical) muitas vezes fique baixo demais deixando o cantor à face do que parecia um Karaokê ao vivo.

Se indifere nos números de Cristo (Igor Rickl) e nas bonitas melodias de Madalena (Negra Li), infelizmente faz falta na força da voz de Judas (Netto).

O musical é competente ao manter seu espectador despreparado muito curioso em seu início com aquela união a princípio esqusitíssima, para no segundo ato entregar suas obras-primas - e é empolgante como a montagem ousa girar os paradigmas ao subir o crucificado Cristo num número de extrema alegria em detrimento de um bucolismo óbvio. Excelente!

O musical está montado no bonito Instituto Tomie Ohtake e permanecerá até final de Junho. Recomendo a audição dessa bombástica combinação - excelente programa. Alírio Netto, Felipe Zacchi e grande elenco!

Bruno Portella



Serviço
Quando: Temporada de 14 de março a 08 de junho. Sessões de quintas e sextas, às 21h; sábados, às 17h e 21h; domingos, às 18h.
Onde: Teatro do Complexo Ohtake Cultural - (Rua dos Coropés, 88 - Pinheiros)
Quanto:
Plateia Premium: R$ 220 (inteira, quinta e sexta) e R$ 230 (inteira, sábado e domingo)
Plateia Inferior: R$ 180 (inteira, quinta e sexta) e R$ 190 (inteira, sábado e domingo)
Plateia Superior A: R$ 100 (inteira, quinta e sexta) e R$ 110 (inteira, sábado e domingo)
Plateia Superior B: R$ 50 (inteira, quinta e sexta) e R$ 50 (inteira, sábado e domingo)
Pontos de venda:
- Call-center: 4003 5588 (válido para todo o país), das 9h às 21h - segunda a sábado
- Bilheteria da casa (sem taxa de conveniência): diariamente, 12h às 20h (em dias de espetáculo, a bilheteria funciona até o início da apresentação)
Duração: 130 minutos em dois atos (com intervalo de 15min)
Classificação Etária: 12 anos
Capacidade: 627 lugares
Estacionamento com manobrista: R$25 


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