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Mostrando postagens de setembro, 2013

Delivery da Sobrevivência: A Chapa

O hambúrguer. Invenção moderníssima da culinária (eu chutaria meados do sonho americano dos anos 50, talvez o único resquício daquela época). Em termos daquele que vive sozinho, a praticidade é ótima, o tempo: razoável, apenas o preço em que a simplicidade do prato não sustenta tantos dilmas por um bom burger . Ainda assim. A noite abranda calma, fria - imagine lavar panelas nessa água petrificada ou muito pior: enxaguar os pratos à beira da madrugada. Jamais - um pecado com o prelúdio do sono, dos sonhos. Não é justo. Eis aí a janela do pedido, tudo que é necessário para cairmos à tentação do bom hamburguer noturno. O pedido clássico comprende o Cheese Monsterburger (sou simples), batatas smilleys e uma maionese à parte. O burger já acompanha maionese, veja bem, mas a arquitetura do pão aliada às forças da física fatalmente desperdiçam grande quantidade desse molho perfeito, enquanto partes do lanche permanecem secas (pecado que remete à dois problemas: o hamburgu...

Delivery da Sobrevivência: Philomena

O homem que vive sozinho não pode viver somente de sanduíche de atum, não é verdade? Um dos maiores clássicos do fim da noite é a pizza. A pizza do nosso senhor. A pizza dos italianos berrantes, da massa e do molho pomodoro. E ela não falta no cardápio - cardápio vasto, aliás. Eu tenho uma lei que rege o seguinte: se você não conhece a pizzaria e quer saber se ela boa - peça a moçarela. Por que o queijo e o molho pomodoro juntos é tão simples e incrível que se uma pizzaria erra nesse simples, ela jamais vai acertar em combinação alguma. Pois bem, quarta chuvosa pede uma pizza (sem mencionar, é óbvio, a falta de atum, miojos, congelados, víveres não preparados e etc). Inicio aqui, portanto uma rodada de análise superficial de uma série de pizzas de moçarela de diversos lugares da nossa amada Vila Mariana. A ver. Dessa vez, solicitei à pizzaria Philomena - bom nome, acho antiquado o uso do pê agá, mas dá pra superar. Preço justo, 24 dilmas, tempo de entrega aceitável. Ei-l...

O Olho

- Quanto tempo estamos aqui? - Uma lua, quase. - E quando vamos sair? - Quando aquela árvore parar de olhar pra cá. - Mas eu tô precisando aqui… - Ora, faça aí mesmo. - Mas ela tá olhando! - Que mal tem a árvore olhar? - A última coisa que quero é ofender essa árvore. - Ofendida com o quê? Ora, tire logo essa luva e faça logo. E vê se não respinga pra cá. - Óquei. Ela ainda tá olhando? - Não. Tá de lero com uma flor. - Rubens? - O próprio. Ei. Ela tá de olho de novo. Já terminou aí? - Já. - Põe a luva! - Desculpa. - Olha, ela vai tirar um cochilo… vai dormir. - A árvore? - Sim. - No sete a gente sai, tudo bem? - Claro. - Um. - Mas ela tá dormindo mesmo? - Dois. - Responde! - Sete! Vamos. - Calma!!! Olha! - O que foi? - Ali no canto. - Que que tem? - Ó lá, a gazela do bico de pato. - E daí? - E daí que ela tá olhando. Bruno Portella |foto de Diógenes Muniz

Cozinha da Sobreviência: Sanduba de Atum

A fome não obedece horários. Embora digam que é saudável dominar seu apetite, pôr rédeas de 3 em 3 horas, comer balanceado - não é fácil tarefa. Vivo sob a premissa de comer quando o corpo necessitar - de acordo com a Necessidade, remedando Doris Lessing, lindíssima. Pois bem, ao sanduíche, portanto. Coisas simples matam aquele desconforto morno do estômago. Sanduíche tem essa simplicidade; essa cumplicidade com o solteiro esfomeado. Veja que simples; aos ingredientes: duas latas de atum no óleo (sua escolha, eu prefiro), a maionese (eu preferi pela verdadeira), um tapauér receptor e um garfo duro. O sanduíche de atum, basicamente consiste de uma pasta, que convencionamos chamar de patê - o tal patê de atum. O melhor, pra esse que escreve. A feitura chega a ser zombeteira de tão simples - e dirão alguns: grosseira. Pois bem, aquele que vive sozinho abre mão de certas finuras, não é? Despeje o atum e espalhe ele pelo tapauér - a experimentação é livre, afinal só v...