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Saint Seiya Ômega

Os Cavaleiros do Zodíaco finalmente saem do ostracismo criativo e jogam a história original pra frente – e com um ótimo frescor de pessoas que finalmente conseguiram trazer um pouco daquele ar heróico e bonito da série original (diferente do abominável Lost Canvas e o mediano Episódio G).

Omega se passa 25 anos depois da Guerra contra Hades em que Seiya e os demais derrotaram o grande deus do submundo trazendo paz para a Terra (que durou pouco, conforme o Prólogo do Céu e até mesmo Next Dimension contará ainda). No mais, 25 anos depois novos Cavaleiros surgiram para manter a paz na terra e proteger a Deusa Atena. contra a ameaça de Marte, o Deus da Guerra.

Antes de ver qualquer coisa, as imagens me faziam chorar de terror com aquele traço plástico das armaduras e a sugestão de gemas – ainda mais depois da morte do mestre Araki. Depois de ver, no entanto, foi muito fácil aceitar como apenas um traço diferenciado (muito menos agressivo que o de Episódio G, por exemplo) e conceitos evoluídos de uma temática clássica como era nos anos 80.


Ponto a Ponto

Adorei tudo do início da série – do desinteresse dele em ser um Cavaleiro (que destoava muito de Seiya no seu começo, pois Kouga não tinha objetivo qualquer até perder Saori para Marte); da criação de Palaestra, uma escola para Cavaleiros, que faz total sentido se pensarmos numa evolução para se ter melhores defensores do planeta (em que no original simplesmente havia um orfanato com 100 crianças jogadas no mundo sem qualquer padrão de aprendizado).

Tanto que se compararmos a Guerra Galática dos anos 80 com a nova disputa por uma Armadura de Ouro, o nível dos Cavaleiros são muito melhores, com um conhecimento do cosmo muito superior a Ban, Nachi, Geki entre outros.


Gostei de como a conexão entre os protagonistas vai sendo construídas aos poucos, mas com uma base totalmente diferente da original (onde todos se conheciam desde crianças, e apenas precisaram de pouco tempo pra se tornarem melhores amigos sem dúvida alguma) – enquanto Kouga e os demais foram se conhecendo aos poucos, sem qualquer base infantil, e a amizade deles se construiu de forma bem natural de forma que em nenhum momento eles parecem ser melhores amigos forever – mas grandes amigos que precisam completar aquela tarefa designada (por isso que o final, onde todos estão em Marte, entre muitas outras coisas, não me agradou justamente por parecer forçar um relacionamento entre eles que não existia até ali).



Mas de uma forma geral – é reconfortante que a série se paute em tentar ser original na grande maioria dos aspectos da série. Da escolha das constelações protagonistas (Lobo, Leão Menor, Águia, Orion – sensacional!), das técnicas, do redesenho das armaduras – até mesmo nas joias que mantém as armaduras é uma solução nova que faz total sentido (como que em 2015, os Cavaleiros andarão por aí com uma mochila de bronze quadrada (é sensacional a liberdade com que simplesmente deixam de lado conceitos extremamente edificantes do original).

A ideia de Elementos, no entanto, é uma das piores coisas já criadas em Cavaleiros (até os Cavaleiros de Aço são melhores que os elementos; talvez só os Cavaleiros de Ouro de Lost Canvas sejam piores). Sorte que perceberam e nem se mencionou mais essa besteirada do meio pro final da primeira temporada.

Abomino a facilidade com que as Doze Casas foram destruídas, mas achei simpático a recriação flutuante das mesmas – ao mesmo tempo que entro na parte mais interessante da série que são justamente os Cavaleiros Dourados novos.
As Nova Doze Casas - Fonte: Diego Maryo
Primeiro, é difícil compreender muito bem como que Atena não tem mais o poder sobre as Armaduras de Ouro, pois elas são distribuídas a esmo por Medeia (Touro, Câncer, Gêmeos, Virgem, Escorpião, Peixes, Aquário) – todas elas foram simplesmente dadas a um determinado guerreiro simplesmente por que juraram lealdade a Marte. O que justifica a relativa facilidade com que os Cavaleiros conseguiram passar por eles – mas ainda me é muito estranho como as Armaduras de Ouro ficaram tão facilmente manipuláveis (levando em consideração a rebeldia da Armadura de Câncer com Máscara da Morte, o senso de proteção da Armadura de Sagitário e Libra e assim por diante).

Os Protagonistas

Criados debaixo da sombra de cinco protagonistas absolutamente fantásticos – complementares, diferentes, lendários! Os novos protagonistas, no entanto, são diferentes daqueles – são muito mais infantis, o que não os torna idiotas, mas muito mais coerentes com a idade que aqueles outros deveriam ter (fala sério, eles não tinham 13 nem fodendo).

Souma, Yuna e Ryuhou são personagens absolutamente deliciosos de acompanhar – e é uma pena gigantesca que Kouga eclipse todos eles no final (sem ter a força pra garantir tudo pra si). Haruto realmente não deveria existir – ele é frágil, parece forte, mas não é, tem um background terrível. E Eden é tipo um novo Ikki. Digo tipo, por que Ikki ama seus amigos e realmente está ali por todos eles (talvez não no começo, mas era um tipo de rebeldia adolescente). Já Eden, simplesmente encontrou naqueles caras um objetivo em comum – não há nada que o conecte a nenhum deles.


Os vilões

Marte e Medeia. Duplinha do barulho. Marte tem uma certa evolução muito interessante ao decorrer da história; no início de uma força incrível e de uma maldade inviolável, vai tornando-se cada vez mais humano conforme o final vai chegando – e como consequência: mais frágil.


Medeia, por outro lado, é totalmente unidimensional. Má. Por nada. Simplesmente ruim. Sem graça – embora um certo sentimentalismo final que só piora a percepção que tenho dela. Aliás, culpa dela que o final da temporada acabe sendo tão… confusa, bobinha. Meio forçado. O vilão Abzu completamente chato, sem qualquer motivação que torne aquela luta final no mínimo interessante – somente o traço dos golpes finais salvam o fim.

Concluindo, muito mais pontos positivos do que negativos – o que me faz realmente esperar com ansiedade a segunda temporada (que já começou, aliás). Previsões são de um novo Cavaleiro de Aço (que luta usando a ciência), um conceito ruim dos anos 80, mas que… faz sentido. Aqueles caras eram realmente ruins, mas se observarmos o começo da série (guerra galática, onde havia contador de força aplicada, velocidade da luz, zero absoluto), existem diversos flertes com conceitos científicos (furadassos), mas mesmo assim eu gosto de imaginar que é interessante essa segunda tentativa de misturar algo puramente místico com um cavaleiro que tentará ajudar usando tão somente aquilo que temos disponíveis enquanto meros mortais.

Ótimo recomeço para Cavaleiros – notícias dão de que Next Dimension (a continuação original da série) também será animada. Então essa velha criança voltará com tudo e de cabeça nesse mundo maravilhoso ainda.

Que venham os próximos vilões – pois daqui, eu irei alcançar o sétimo sentido com essa garotada toda.

Por Atena!

Bruno Portella

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