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Que profundidade, Zé!

Vou contar aqui uma pequena anedota.

Hoje, feriado ocidental, fui trabalhar como tantos poucos.

E não achei nenhum câncer ter de trabalhar em feriado – como normalmente não ligo. Existe esse lugar comunzasso de praguejar e imaginar mil coisas boas em que se podia estar fazendo só para chegar à uma suposta triste conclusão: e você no trabalho.

Não, não comigo. Não curto lugares-comuns. Claro que trabalhar no Google ajuda, por que eu gosto bastante de ir pra lá e interagir com pessoas absolutamente fantásticas – mesmo em feriados. Não liguei um tostão por ter que ir de hoje e continuarei indo se for preciso.


Mas esse post não é sobre isso; chegando em casa, encontrei o porteiro – curiosamente do lado de fora do prédio. Gente boníssima, simpático, do bem. Procurei puxar aquele papo boa praça e escolhe o caminho mais seguro, aquele comentário manjado pra qualquer data festiva.

- E o feriado, Zé!?
- Trabalhando!
- Pô, nem me fale. – retruquei, fingindo desapontamento.

Ao que ele replicou:

- Mas, sabe, Bruno. A maior religião de todos nós, humanos, é o trabalho.

Me deu uns dois tapinhas nas costas, entrou na guarita e me deu um grande boa noite.

Puta que o pariu. Olha a profundidade disso.

Instantaneamente minha cabeça girou e pensei nessa criatura que somos, cujo trabalho levou à descoberta da feitura do fogo, inventou a roda, o Google, esse computador que eu escrevo.

Tem razão, Zé. Desculpa pelo lugar comum, mas é isso aí! Amém para o guardião da Vila Mariana.

Bruno Portella, com a contribuição seminal de Zé, o Porteiro.

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