Isso de amar é complicado. Todo mundo tá amando. Tá fácil amar. Aí se eu falo que te amo, nem parece que eu te amo. Por isso não digo. Eu guardo. Não solto. Não que eu te ame, também. Só estou falando de possibilidades. Eu poderia te amar, por que não? Não é questão de sentimento, parece mais de razão no caso – eu poderia te amar, mas não amo. Digo, não digo. Mas poderia. Mas se amasse, não diria. Todo mundo diz. Mesmo quem não ama. E quem não ama, mas diz, não sabe que não ama, pensa que ama. Aliás, tem certeza que ama. Até o sexo chamam de amor. Quem tá trepando, tá amando. Fazendo amor. Eu não faço amor – se faz o amor. O amor é sujeito oculto, não? Então ele observa a gente amando, transando. Eu amo, te amo, vc ama. É tudo cinco letras, estrela de cinco pontas. Pra baixo. Mas não te amo, se bem que… daria, né. Eu digo. Você é amável, eu te amaria fácil. Você é altamente amável. Mas você quer ser amada, aí que mora o bichano. Você fica esperando essa coisa de amor, de flores, de eu te amos. Aí tira o tesão de amar. Por que se eu te amo… digo, se eu te amar. Você vai esperar de mim um amor já prontinho, desses de novela. E às vezes eu nem te amo assim, eu te amo mais racha de carro, final de campeonato, e você espera uma novela das oito. Ou pior: você curte um amor rock n roll e eu te amo meio paulo coelho. Mas hoje ninguém ama também, pessoal só curte curtir. Cafona quem ama. Não, não, chega disso. Não, amor, eu não te amo. Embora… Bem. Você sabe né…
Bruno Portella