Esse texto é sobre o novíssimo Karate Kid. Lembro de quando o filme estreou e como lamentei ter perdido a chance de vê-lo no cinema: pura preguiça.
Pois eis que a Netflix, essa linda, lançou o título no catálogo e pude assistí-lo na madrugada de sexta - o filme é a refilmagem do crássico Karate Kid de 84, com Ralph Macchio, senhor Miyagui, pintura de carro e golpe da garça. Clássico. Filme divertidíssimo e extremamente gostoso de assistir sempre que passa.
Mas não sou desses fanáticos puristas, portanto quando anunciaram a refilmagem com Jackie Chan, na hora achei foda pra caralho: porra, Jackie Chan é bondimai! A história é a que segue: Dre Parker (filho do Will Smith) precisa se mudar de Detroit para a China, por que sua mãe fora transferida no trabalho. Já na China ele sofre com abusos das crianças da escola que frequentemente espancam ele no bom e velho Kung Fu (e você aí reclamando de chiclete na cadeira quando pequeno). Senhor Han (Chan) é o zelador de onde Dre mora e acaba se envolvendo com o garoto e, é claro, ensinando-o a arte do Kung Fu.
O filme é lindíssimo, tá louco! Comentei, inclusive, que havia achado melhor que o original (olha o tamanho do pecado), mas passado a quentura do momento, reitero: realmente acho melhor que o original. Risos. Nota: eu gosto muito do original, mas muito mesmo. Apenas que gosto mais desse agora. =D
Embora não seja genial (e o original também não acho essa trakinas toda, mas carrega uma carga emocional nostálgica gigante - com justiça), ele traz algumas coisas que diferem bastante daqueloutro. Pra começar com a mudança da arte marcial (e vamos combinar, Kung Fu come o Karate com farinha! mui mais legal), e junto a isso levar o filme pra China é uma escolha maravilhosa, pois joga o personagem num ambiente completamente avesso ao que estava acostumado (tanto ele, como os próprios chineses). O filho do Will Smith já tem a desenvoltura de um ator e cumpre muitíssimo bem a função de ser o que é: uma criança em apuros.
Chover no molhado dizer que a surpresa do filme é Jackie Chan (que tem uma ceninha de nada de luta apenas) e passa o filme inteiro incorporando esse zelador amargurado e triste durante toda a projeção até mesmo explodir em uma determinada cena que seu personagem explica sua história - e a atuação de Jackie é digníssima e uma surpresa maravilhosa. Excelente!
Gostei demais do filme que ainda compreende um romance impossível que a todos conseguimos nos identificar - para culminar, é claro, nesse sensacional torneio de artes marciais (oi, Dragon Ball). Que embora não tenha lutas impressionantes (e o filme não é exatamente de luta) cumpre bem o papel de mostrar o desenvolvimento do protagonista através das etapas.
E se o que Sr. Han parece taxar como o grande ensinamento do filme, engana-se, pois é na boca do pequeno Dre que reside a parte mais bonita pra esse que escreve: ao ser perguntado por seu mentor por que ainda lutava para voltar ao ringue, já que não havia mais nada que ele precisava provar a ninguém, Dre é honesto e sincero consigo e com todos: por que ainda tem medo.
Sensacional. Grande filme - uma pena que a música seja tão mocoronga, mas vale cada minuto.
Bruno Portella