No começou de julho, me deparei com uma dessas coincidências da vida: na mesma semana que descobri que tinha um cartão de crédito internacional, soube que dois amigos diferentes faziam compras nos Estados Unidos pela internet. Para quem é fã de literatura, como os leitores do Sanduba, comprar livros no exterior pode ser uma boa ideia, já que livros não pagam impostos. Embalado por essa coincidência, pensei: porque não testar os serviços de compras nos EUA para os cesarianeiros?
(Ok, talvez muitos de vocês já fazem isso há muito tempo e eu que sou ultrapassado. Se for o caso, ignorem esse texto!)
Fui fazer o teste na Amazon.com, por ser a mais famosa empresa de vendas online no mundo. Minha primeira dificuldade foi, ora, escolher o livro. Nunca fui muito fã das listas de recomedações de lojas online, prefiro passear entre prateleiras das livrarias. No fim, acabei escolhendo “The Demon-Haunted World: Science as a Candle in the Dark”, de Carl Sagan, um livro que eu já li (em português), mas tenho vontade de reler. Não quis escolher nenhum lançamento porque, afinal, vai que a compra não dá certo e eu fico na mão?
Livro escolhido, vamos ao que interessa: o preço. A compra tem que ser feita em dólar, claro. Isso significa que você precisa de um cartão de crédito internacional. Não é difícil conseguir um, mas é sempre bom pensar antes de adquirir, já que as taxas costumam ser um pouco mais caras do que a de um cartão comum.
A minha compra custou US$ 9,76 – certamente mais barato do que a média de livros aqui no Brasil. No entanto, é bom não esquecer que eu escolhi uma edição de baixa qualidade: papel jornal, sem capa dura. Aí tem o frete. Eles enviam os livros por navios, e você pode escolher se quer um que chega com urgência ou não. Eu escolhi o frete padrão, que saiu mais caro do que o próprio livro: US$ 9,98. Valor total, US$ 19,74.
Quanto isso dá em reais? Depende da cotação do dólar no momento em que a fatura do seu cartão de crédito for fechada. A boa notícia é que o dólar está muito barato – há umas semanas, chegou a R$ 1,55, o menor valor desde 1999.
Ao todo, minha compra saiu por R$ 34,40 – eu tive que pagar R$2,07 de imposto de operação financeira (IOF) na conversão real-dólar, que veio na fatura do cartão. Fui comparar o preço no submarino. A edição que li, na época do colégio, estava indisponível, e tinha uma versão pocket de R$ 29,00. Se eu tivesse o cartão do Submarino, sairia por R$20,00 (não, não tenho). De toda forma, não tinha nenhum exemplar em inglês. Então acho que minha compra não foi tão ruim assim.
A compra foi feita em um domingo, dia 17 de julho, e eles prometeram a entrega para entre 12 e 31 de agosto. Ou seja, até um mês e meio depois! No dia seguinte, segunda-feira, recebo um e-mail automático da Amazon dizendo que o meu livro foi embarcado com sucesso, e que a entrega estava prevista para 12 de agosto. Mesmo assim, o dia 12 passou e, até o momento (escrevo este texto no dia 16 de agosto), nada do meu livro chegar. Torço para não ter que esperar até o dia 31 ou, pior, ter que gastar meu inglês para reclamar de não ter recebido o livro.
Minha avaliação final é de que, na maioria dos casos, não vale a pena comprar no exterior. O livro demora muito para chegar, passa por muitos intermediários, e isso acaba aumentando consideravelmente o preço. Mas em algumas situações a compra pode ser proveitosa: em caso de livros que não estão no mercado brasileiro, por exemplo, ou ao comprar uma quantidade maior de livros, diluindo o valor do frete. Outra opção é ser usuário do Kindle, eliminando assim o tempo de espera e a necessidade do frete.
De toda forma, tudo indica que a Amazon tem planos de se lançar no mercado brasileiro em 2012. Se isso acontecer, importar livros pode ficar mais rápido e barato. Veremos.
Bruno Calixto