(Anotações. Um dia vira algo. Ou não.)
Hoje sonhei.
Foi longe: Marte. Não tinham placas, mas no sonho é assim. Pode estar tudo escuro, ou tudo azul, e você sabe que está em Marte, ou no útero de alguém. Você sempre sabe. Não tem dúvidas nos sonhos.
Mas estava em Marte, estava escuro, haviam estradas pouco asfaltadas e montes de terra ao redor, como uma pista de corrida. E fazia todo o sentido, uma vez que o sonho já começa a bordo desses lindos karts do Mario, não lembro se eu estava com a Princesinha (Peach(, meu personagem preferido para as corridas de casco.
Não importa. Eu estava lá, e ao invés de seguir o traçado certo de Marte, escolhi cortar um caminho (ah, essa vida de Mario Kart), para a esquerda subindo montes e encontrando, veja só, uma estrada alternativa, com plantas secas batendo no rosto (e você precisava abaixar se não quisesse se arranhar). Quase no fim da volta, retorno ao traçado original e para dentro de construções futurísticas baseadas em grandes corredores metálicos.
Num deles, encontro uma galera entre amigos de trabalho e amantes (explica aí Fróid). Na abertura da segunda volta, convenci a todos a não irem pelo convencional, mas tomarem a estradinha escura de terra e assim foi.
Aí começa a dar tudo errado. Uma guerra toma parte no meio da corrida, e o que antes era uma saudável troca de cascos, passa a ser uma fuga pela vida. Os nativos marcianos (transvestidos em insetos inteligentes) passa a nos caçar e a nos devorar com seu sangue verde (nada mais cliché), e causando uma infecção viral e altamente contagiosa por quem era mordido ou mesmo tocado por essas criaturas bestiais.
Passando em algumas voltas fugindo dos monstros, vi um avião cruzar o céu vermelho e decidi seguir, com meu Kart. E fui atrás dele. Passando por um grande portão de ferro guardado por sentinelas, enfim cheguei ao avião de resgate. E fui depositado, com pasmo, numa piscina compartilhada com outros colegas de trabalho.
Todos felizes, são e salvos, discutindo, com preocupação, quem daqueles ali estavam ‘limpos’, ou seja, não tinham sido infectados. A piscina era enferrujada, então o primeiro deles deu um chute na ferrugem apenas para revelar uma gota de sangue vermelha – o soro negativo do momento. Estava feliz e livre. O outro, um soco, sangue vermelho. Felicidade. Aquele nervosismo para mim, um chute, dois, e o sangue vermelho. Alívio e felicidade. O último cabra, deu um chute e no dedão do pé, o sangue coagulou e veio verde. Infectado.
Imediatamente retirado do lugar aos prantos, ninguém queria tocá-lo, ninguém queria lidar com aquele homem que, ainda estava em sua consciência normal, mas ninguém o queria perto. Só por causa do sangue verde.
Passou.
Ele voltou e ainda inconformado com a expulsão dele para uma área de infectados, deu um soco na porta de vidro , estilhaçando ela e fazendo um caco reverberar e atingir alguns lá dentro – eu incluso. Aos brados e impropérios, corro ao filho da puta que deixou ele chegar perto e mando ele à merda.
Aí acordo. Com os olhos pregados por causa do terçol.
Bruno Portella