Pular para o conteúdo principal

Sinfonia dos Anéis

Era noite fria no centro de São Paulo. Ali atravessando o minhocão que separa Higienópolis e a cracolândia, logo menos da Pça. Mal. de Deodoro, um teatro belíssimo – opa, corrigindo: Theatro. Fui com alguns comparsas a’O Theatro São Pedro assistir a sinfonia que atende pelo nome de Senhor dos Anéis. E quando você lê Senhor dos Anéis, não há possibilidades de não se tratar da trilogia épica (é épica, sim senhor!) escrita por John Ronald Reuel Tolkien no começo do século XX e publicado em 1957.

Não preciso dizer o quanto este mâitre cesariano é louco pela obra, preciso? Não preciso dizer que li três vezes cada livro que compõe o mundo da Terra-Média (inclua aí, não somente a trilogia, como também a bíblia-Silmarillion e o divertido Hobbit). Nem precisaria mencionar que este mundo e todas suas histórias compõem uma das mitologias mais ricas já escritas pelo homem, ou que Tolkien é uma das mentes mais brilhantes do século passado? Não, melhor não mencionar estas minhas opiniões. Vão achar que eu pago pau demais. Claro que nada disso me faz um PhD no tema, apenas me faz um terrível tarado por tudo que se relaciona à obra – e não seria diferente com esta sinfonia.


Johan de Meiji, um holandês nascido em 1953 é o dono da criança. Simplesmente sua primeira sinfonia. Depois, ainda deu atenção à lenda escocesa do monstro do Lago Ness e, mais recentemente, compôs uma sinfonia nomeada apenas de Planet Earth (Planeta Terra). Até o fechamento deste artigo, o compositor ainda estava vivo.

Senhor dos Anéis, a sinfonia, consiste em cinco movimentos – para os leigos: algo como cinco faixas de um CD em que, em hipótese alguma, você pode aplaudir a orquestra ao final de qualquer uma delas – que procuram cobrir alguns importantes eventos e personagens da obra de Tolkien. São eles os movimentos: Gandalf, Lothlórien, Gollum, Journey in the Dark (Uma Jornada no Escuro) e o movimento final, Hobbits.

Não consigo fazer aqui qualquer análise faixa-a-faixa (como se isso fosse a resenha de um CD) justamente por que meus conhecimentos musicais inexistem , portanto escrevo aqui apenas com o coração. Dito isso, apenas consigo traduzir que é maravilhoso notar algumas coisas que são bastante claras nas músicas – como se escritas num papel. O clima que a orquestra imprime em Lothlórien ou mesmo no movimento Hobbits só evidencia a genialidade de Tolkien em trazer pro mundo das palavras todo o encanto de um imaginário particular seu. E feito com tanta habilidade e maestria que todos entendem, que todos acabam compreendendo de uma mesma maneira o espírito, seja de uma floresta maravilhosa como Lórien seja de um povo tão divertido como os Hobbits.

O movimento Gollum é interessantíssimo, pois o próprio personagem é ‘interpretado’ por um Saxofone durante a música traduzindo sua personalidade caótica no ambiente. E esse tipo de criatividade é uma das coisas que mais me encantaram na Sinfonia, a habilidade de um músico pensar e escrever um andamento para que o Saxophone realmente interprete Gollum como se os roteiristas escrevessem as falas e ditasse os trejeitos que Andy Serkis tivesse de seguir durante os filmes de Peter Jackson.

Johan de Meiji
Ao final do movimento Hobbits, que como eu já esperava é uma canção iluminosa e extremamente alegre (ao ponto de você sair do lugar cantarolando), você deixa a Sinfonia, a música e a Terra-Média simplesmente maravilhado. E a impressão é de que toda sorte de expressão artística que se baseie e tente trazer o universo de Tolkien de volta à sua maneira, dificilmente vai errar se realmente amar esta obra.

Uma das curiosidades que notei logo que o movimento Lothlórien começou era de que aquele tema inicial me lembrava terrivelmente uma música no próprio filme de Peter Jackson. Fui atrás assim que cheguei em casa e não deu outra. A música ‘The Ring Goes South’ começa justamente repetindo o tema inicial do movimento Lothlórien de Johan de Meiji, o que eu considero uma puta homenagem à uma obra maravilhosa e, pelo menos para mim, era natural que houvesse alguma coisa na própria trilha-sonora do filme. Fica o vídeo das duas para que vejam por si e comparem (e vejam que tenho razão).



A todos: quem tiver a oportunidade de presenciar qualquer orquestra (não consigo imaginar uma orquestra que seja horrível, daí você tira meu profundo conhecimento musical) apresentando a Sinfonia de Senhor dos Anéis de Johan de Meiji, não hesite E vá pra cima por que é uma experiência maravilhosa.

(Abaixo links para todas as músicas da Sinfonia em arranjo da Orquestra de Londres. Espero que gostem!)

IV – Journey in The Dark: http://www.youtube.com/watch?v=JDKiSRJvbKM

Bruno Portella

Postagens mais visitadas deste blog

1Q84

Pediram pra eu ler. Quem pediu, tinha crédito por ter indicado outras coisas muito boas. Daí eu li. Também já tinha ouvido falar do livro, não lembro quando. Também já tinha visto a capa, não lembro onde. Tenho usado o Goodreads pra manter um acompanhamento dos livros que voltei a ler e o primeiro caso que criei foi que cadastrei ele como IQ84 e não 1Q84. É diferente. E eu realmente achei que fosse IQ, como se tivesse a ver com quoficiente de inteligência e não com uma data. Logo no começo do livro, entendi que se passava em 1984, então o primeiro mistério eu resolvi: era 1Q84, referente ao ano. Bastava prestar melhor atenção na capa. Mas essa bobagem foi o primeiro momento de abrir a boca e falar sozinho: a, tá! Burro, você pode pensar. Mas por mim tudo bem. Troquei o registro no Goodreads pensando que eu era mesmo burro. Daí voltei pro livro. Gosto de ler livros ouvindo música instrumental. Nesse caso, como era nos anos 80 e ambientado no Japão, eu procurei uma lista de músicas adequ...

De Bolsão à Montanha da Perdição [O Começo do Desafio Éowyn]

Preciso fazer exercício. Decidi caminhar. De Bolsão até a Montanha da Perdição, como fez Frodo e o herói Samwise. Aqui vai meu diário contando a minha quilometragem real com a de Frodo e seus amigos na Terra-Média, de acordo com o registro do Desafio Éowyn [ Link ] 5 de Maio de 2025 Bruno Aniversário do amor da minha vida. O céu estava com poucas nuvens. Voltei a trabalhar depois de um feeriadão (1 de Maio na quinta, que ganchei na sexta). Recebemos a família dela pela primeira vez em São Paulo. Foi lindo demais. Cansamos horrores. Hoje eu caminhei enquanto assistia dois episódios de Dragon Ball Z, o final da batalha contra o Kid Buu. Goku usou a Genki Dama para vencer.  Fiz 1.1 quilômetros caminhando bem tranquilo Pouquíssimo, claro. Mas pra quem nunca anda, estou feliz. Cenário do Filme Basicamente saí de Bolsão, dei a volta nele como fizeram Frodo e seus amigos, e passei por um portão em direção à uma rua ao Sul do Condado. E vamos até Mordor! Um dia eu chego. Não tenho tanta pr...

Contatos de 4o Grau

Zimabu Eter. A Milla Jovovich dramatiza o caso de uma psicóloga do Alaska que investiga e atende diversos pacientes com problemas de insônia na cidade de Nome; todos eles relatando a visão de uma coruja e estranho fenômenos ao dormir. Lembro de ter visto esse filme na época no cinema e ter ficado absolutamente bolado. É um bom filme, embora meio tonto. Vale a pena ver, de toda forma. A criançada gostou. PARE AQUI SE FOR ASSISTIR Se já assistiu, esse é daqueles filmes que fingem ser reais, com imagens reais e tudo o mais; na época eu cai direitinho, embora tenha bastado a primeira busca no Google pra ver que era tudo mentira. A tensão do cinema até em casa, no entanto, foi real. Bom filme. Bruno Portella