Michael Jackson morre aos 50 anos. Véspera de iniciar uma grande turnê de retorno e ao mesmo tempo de despedida.
Jackson é único. Sua história é quase uma ficção, de negro para branco, rosto artificial, comportamento infante e um gênio no que faz – e como a maioria dos grandes gênios, extremamente mau compreendido.
Seu fascínio pelas crianças ou mesmo seu comportamento infantil, que lhe renderam dezenas de acusações de abuso, não seria talvez resultado de uma não-infância na qual se dedicava desde os seis anos de idade a ensaiar e a se apresentar com a família dos cinco Jackson ao invés de ir ao parque de diversão, por exemplo? A criação de um rancho chamado Neverland, a Terra do Nunca de Peter Pan, onde as crianças não crescem, não seriam um evidente sinal disso?
Repetidamente colocado nos bancos dos réus, apontado como pedófilo e repetidamente absolvido de todas as acusações.
Nem suas estranhas plásticas e sua dramática mudança de aparência conseguem se sobressair sobre aquilo que realmente importa se formos falar de Michael Jackson daqui pra frente: sua arte. Sim, por que não se resume apenas à música, ou à dança – mas ao espetáculo que ele proporcionava.
Seus passos eram únicos, se caminhando na lua, ou flutuando no palco de forma jamais explicada, se virando monstro ou brigando na rua, se pisando em ladrilhos brilhantes ou abrindo o video-show, dançando com gângsteres ou virando robô.
Produto degenerado de uma mídia raivosa procurando escândalo em sua vida, vítima de aproveitadores atrás de seu dinheiro ganho com genialidade; Michael, uma eterna criança, vai, enfim, ir à Terra do Nunca.
E aqui, iremos lembrar sempre de seus grandes temas, de seus grandes passos – de sua arte. Por que é sempre isso que sobra dos gênios, a sua genialidade.
Bruno Portella
Michael Jackson em São Paulo ~ 93:
Homenagem de Músicos de Rua em Nova Iorque: