O Corinthians contratou o treinador Cuca.
O treinador esteve presente no 'Escândalo de Berna', como ficou conhecido o evento em que uma garota de 13 anos da Suíça foi aliciada para dentro do quarto de hotel de quatro jogadores do Grêmio, onde ela foi estuprada em 1987.
Relatos do jornal local da época, dão conta de que a menina, junto de amigos, foi convidada ao quarto de hotel pelos jogadores, pois ela queria uma camiseta do Grêmio e, chegando no local, os jogadores expulsaram os garotos que estavam com ela e estupraram a garota.
Cuca era um desses jogadores, já um adulto de 23 anos. Hoje, velho, foi contratado para treinar o Corinthians.
O Corinthians que para além de sua longa história social, recentemente encabeça uma campanha por maior respeito às mulheres dentro e fora de campo. O mote frequentemente utilizado pelo clube e pela torcida é o #RespeitaAsMinas.
O Corinthians tem o mais organizado e bem sucedido time de futebol feminino do país, do qual se orgulha em suas campanhas e que trazem também imenso orgulho para sua torcida. Não só pelos muitos títulos, mas principalmente pela garra, pela raça e pelo espírito de suas jogadoras.
As informações sobre a participação de Cuca no episódio do 'Escândalo de Berna' são contraditórias através dos anos, mas não há dúvida alguma sobre um elemento fundamental:
- Cuca estava no quarto durante o estupro coletivo [Fonte: Declaração Própria em Coletiva de Apresentação no Corinthians]
Cuca nunca negou que não estivesse no quarto. Ele estava lá. Não há qualquer sombra de dúvida quanto a isso. Confirmado pelo próprio.
Cuca estava lá fazendo o quê?
Para o Corinthians, não deveria importar.
O time que se orgulha da luta pelo respeito às mulheres, não deveria jamais sequer cogitar contratar qualquer profissional que, em sua história, tenha participado de um estupro coletivo de uma garota de 13 anos; seja violentando a garota ou simplesmente como um observador conivente.
Não há qualquer papel aceitável para Cuca dentro daquele quarto. Ou para qualquer ser humano decente dentro de um quarto onde se pratica um estupro coletivo com uma criança de 13 anos que não seja a mais absoluta indignação, revolta, repulsa e denúncia. Se ele não era capaz de se impor ao grupo, que saísse do quarto e procurasse ajuda.
Qualquer clube ou instituição que escolha lutar pelo respeito às mulheres não pode jamais contratar um observador conivente de um estupro coletivo de uma criança de 13 anos.
E isso é o máximo do benefício da dúvida que se pode dar ao treinador. Confiar em sua palavra de que ele não fez nada no quarto. [Fonte: Declaração Própria em Coletiva de Apresentação no Corinthians]
E mesmo assim, já seria inadmissível a contratação de um observador conivente de um estupro coletivo de uma garota de 13 anos para qualquer instituição ou clube que queira ser levado à sério em sua luta pelo respeito às mulheres.
Pois até esse benefício da dúvida parece generoso demais se colocado em contexto com os demais relatos do caso:
- A garota foi coagida a entrar no quarto e seus amigos expulsos
- Todos ajudaram ela a tirar a roupa
- Ele já deixaria de ser um observador apenas conivente, pra ter parte no ato
- O esperma de Cuca (e de outro jogador) foi encontrado no Corpo da Menina após perícia da Polícia Local [Fonte: Jornal local 'Der Bund' em matéria na mesma semana do caso]
- Como isso acontece com a pessoa sendo apenas uma observadora?
- O advogado do Grêmio na época, Luiz Carlos Silveira Martins, conhecido como Cacalo, foi quem acompanhou o caso
- É mentira que Cuca tenha sido julgado à revelia
- Em 1987, o advogado do Grêmio que acompanhou o caso, Cacalo, reportou ao Jornal Zero Hora de Porto Alegre que os jogadores tiveram diferentes níveis de abuso com a garota de 13 Anos [Fonte: Zero Hora através do jornalista Wanderley Nogueira]
- 1 teria consumado o estupro da criança, 1 teria feito sexo oral na criança, 1 teria acariciado a criança, 1 teria sido apenas um observador conivente
- Fernando, um dos jogadores dentro do quarto, era o Observador Conivente na versão do Advogado em 1987
- Se Fernando era o Observador Conivente, qual papel desempenhou o inocente Cuca?
- Os 4 jogadores foram CONDENADOS pela Justiça Suíça, mas Fernando teve uma pena reduzida
- Cacalo, o advogado, afirma que isso se deu pelo fato dele ter sido apenas um observador conivente
- A vítima, que prefere o anonimato, tentou suicídio alguns anos depois
- Cuca foi condenado pela justiça suíça a 15 meses e multa. Não cumpriu a pena.
- Não foi à revelia, o caso foi acompanhado pelo Advogado do Grêmio na época, Cacal
- Uma pena absolutamente incompatível com o crime hediondo praticado, mas esses eram os anos 80 =/
- Não tem consciência de seu erro, nunca pediu desculpas e repetiu em coletiva que não deve desculpas à ninguém, mas relatos de 87, dão conta de que ele pediu desculpas à sua esposa e aos pais de sua esposa na época do ocorrido [Fonte: Lance]
- Ou é inadmissível que um homem como esse seja contratado para uma instituição que lute pelos direitos das mulheres;
- Ou essa instituição não é realmente séria sobre sua luta pelo respeito às mulheres
- Conta-se que a vítima não reconheceu Cuca entre seus agressores [Fonte: Marília Ruiz, ao UOL]