Cientistas descobrem um cometa enorme em rota de colisão com a Terra e precisam alertar as autoridades para salvar o planeta.
A mesma trama de Armageddon (1998) e Impacto Profundo (também 1998).
Mas se nos dois filmes da década de 90 existe um heroísmo e a ideia de que, obviamente, todos se unirão ao redor da ciência para tentar salvar o planeta deixando-as nas mãos de pessoas competentes (ainda que o plano de Armageddon seja... não muito convencional), nessa versão da história de 2021, a sociedade sequer consegue concordar de que o cometa realmente existe.
E é sintomático que nos filmes da década de 90 a gente se irrite com as cenas manjadas do cientista sendo ignorado, afinal de contas, céus, como podem ser tão burros! Era o que pensávamos antigamente. Pois hoje em dia e nesse filme desse ano, compreendemos perfeitamente o que está acontecendo e apenas passamos raiva por reconhecer que, pô, é assim mesmo. O que antes era um clichê narrativo muito eficiente pra gerar drama, hoje em dia é um retrato fiel do desespero.
Aliás, tudo que é retratado no filme é, de certo modo, um pouco exagerado; o governo, a mídia, o lobista bilionário e até mesmo os cientistas. Mas é só um pouco.
Uma caricatura perfeita do que somos ou talvez um retrato exato do que ainda seremos.
Fato é que o planeta é destruído, ao contrário dos filmes anteriores em que salva-se a humanidade de um jeito ou de outro para um futuro em que podemos ser melhores.
Nesse aqui, a humanidade não tem salvação. Nem antes, nem durante, nem depois do evento.
Esse é o verdadeiro filme de desgraça.