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Interestelar

Interestelar, do Nolan.

Uma história de Doctor Who sem que o Doutor apareça pra salvar o dia, daí os homens precisam se virar.

O problema: A vida na Terra tá uma merda, só poeirão (péssimo pra minha rinite, que terror isso!), só tem milho pra comer, porque uma praga super misteriosa anda acabando com todas as plantações. E os dias do milho e da humanidade estão contados. E da família de Cooper (McGonaghuey?) também.


A solução: um experimento secreto da NASA que procura uma nova Terra em uma galáxia, curiosamente cheia de planetas potenciais. O acesso se dá por um misterioso buraco-de-minhoca que apareceu há 40 anos. Suspeito.

E essa é a jornada de Cooper, de fazendeiro a spaceman.

É bonito o filme, viu; filme do bem, bacana, bom de ver no cinema. Várias imagens e ideias super-criativas; eu indico: vejam no cinema, se possível, no IMAX.

O que gostei: o visual sujão do filme, geralmente os sci-fi vem tudo polido com monitores transparentes e mega efeitos; adorei como esse filme é bem mais pé no chão com uma tecnologia bem mais próxima à nossa, embora super mais competente. Azulejos na sala de criostase é genial, fica uma impressão de banheiro de hospício que não imaginamos geralmente em super sci-fis (azulejo saiu de moda). Os personagens são excelentes! A família de Cooper é bacana, não é chata (e famílias costumam ser chatas), Lithgow é bondimais e Caine é sempre, SEMPRE, bom. Mas o Cooper mesmo é o cara do filme, puta merda, até uns filmes atrás aí eu nem sabia que ele existia.

Adorei também a exposição do amor e a abordagem dele ser, possivelmente, uma grandeza física que não temos capacidade de compreender (como o tempo, por exemplo). Puta ideia criativa, curti e comprei na hora que a Dra. Grand, lindíssima, expôs (as feministas vão gritar que a mulher cientista tá afim de homem no meio de uma expedição espacial, mas, para, mulheres também amam, porra). Aliás, é genial quando ela expõe a Cooper que espera dele o mesmo pragmatismo científico quando tiver que escolher entre a humanidade e sua filha (=D).

O que não gostei: que que o Matt Damon tá fazendo no filme? Tomei um susto quando ele apareceu e um pouco depois já estava muito claro e evidente que ele seria o cuzão do filme (falei que teria spoiler, mas o filme nem tenta esconder isso).

Os finais é que são um problema

Aquela ideia do amor lá que achei daora, vai servir pra explicar o filme. Mas aí fica um gosto de que o filme se resolveu por causa do amor. E simplificando a solução a isso (pois é isso), dá um mau gosto na boca. Parece meio tonto, mas até faz sentido se o filme realmente acredita no que a Dra. Grand falou. Então, aceitamos, fazer o que.

Pra quem é um habitué de Doctor Who, ela pareceu meio óbvia demais (na metade da projeção eu já me perguntava: eles não vão fazer isso, vão?) e fizeram. Não é uma solução ruim o Cooper ser o fantasma da pequena Murph, mas... Sei lá. Adoro os conceitos da quinta dimensão e de como não temos a menor maneira de compreendê-la (por isso, Eles a projetam de uma maneira que Cooper compreenderia), mas o fato de mexer com o tempo cai de novo naquela velha historinha do paradoxo temporal, que eu até aceito bem, considerando que talvez na quinta dimensão, o tempo é só mais uma força física, não linear, wibbly wobbly e etc.

O meu particular maior problema com o filme é que ele tenta fechar todos os nós no final da projeção (com vários finais de certa forma inúteis), ligando todos os pontos – mas já que ele quis explicar tudo (ninguém mandou!), fiquei com sensação de que faltou explicar quem eram Eles, é dito que talvez seja a humanidade que evoluiu tanto que já compreende tudo aquilo (num futuro distante), mas se é assim, isso significa que a humanidade perdurou, então porque mesmo Eles deixaram o buraco-de-minhoca ao lado de Saturno e ajudaram a NASA?


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