Ah, os sonhos amigos. Porque fazem isso com nosso CDZ?
O filme A Lenda do Santuário é o filme de animação gráfica dos lendários Defensores de Atena pra comemorar os 30 anos da obra de Kurumada. O enredo é simples: Saori descobre ser Atena, e a ser perseguida pelas forças do mal; decide, portanto ir até o Santuário pra descobrir que diabos significa ser Atena.
Até aí, nada de mals.
Começo alisando e falando bem. Porque o visual do filme é deslumbrante, muito, mas muito lindo - animação de primeira Toei, estão de parabéns. As armaduras e a textura delas no cinema ficou algo lindíssimo de se ver, até o Santuário que eu tinha torcido o nariz pra não ter toda aquela estrutura grega do clássico acabei aceitando bem (e as casas são inacreditavelmente lindas, o que é a Casa de Aquário, que foda!). Algumas escolhas de roteiro, eu também achei 'ok', uma solução que sacrifica alguns personagens na tela, mas que não me parecem muito absurdas (como Shaka desde o começo estar do lado de Atena, a pancadaria generalizada na casa de Sagitário).
Mas... Ah, os sonhos despedaçados.
A ideia de reinventar Cavaleiros é perigosa demais (Ômega tentou, e fez uma primeira temporada muito boa pras expectativas) - mas aqui nesse filme se tentou fazer algo que nunca foi presente na série clássica de forma preponderante, nem nunca foi algo que os fãs demandavam dela: a comédia. O humor. As risadinhas.
O humor que morra
Que porra. É essa? (E eu não sabia disso até dias antes de ir ver o filme, quando li alguma entrevista com o tal produtor japonês em terras brasileiras dizendo que adicionaram humor no filme pra alcançar a garotada nova).
E que morram essa garotada nova imbecil que precisa de um personagem mongol como o Seiya desse filme. Um Seiya que me fez sentir saudades daquele chato, cabeça-dura, teimoso e até tonto da série clássica. E se no começo, pelo menos Shun, Shiryu e Hyoga se salvam dessa direção (e as cenas iniciais, principalmente de Shun e Hyoga são MUITO LEGAIS), ao longo do filme, cada um deles ganha uma piadinha digna do Vai Seiya! (só faltou o malegno). E se é divertidinho que fãs façam piada com a série clássica (e realmente é engraçado o canal deles, clica aqui), é preocupante quando os donos acham que esse é o tom pro futuro da série. Argh!
E nesse tópico, dedico um parágrafo inteiro para a infame presença do Máscara da Morte nesse filme. O nível de constrangimento do cinema nessa cena foi tão grande, que o nível da zuera não conseguiu nem tirar aquelas risadas de 'meu deus, que ridículo', foi apenas um silêncio de quem quer fugir dali, que aquilo acabe rápido. Pura tortura. Se na série clássica, Máscara da Morte é quase asqueroso e desperta um ódio tão genuíno de Shiryu por matar tantas pessoas inocentes e exibir suas faces por toda a casa, nesse filme ele... canta. As cabeças da parde são engraçadinhas e coloridas (!?), e ele se acha num musical da Broadway. Eu não quero nem continuar... preciso tirar isso da minha cabeça. Fechem os olhos nessa parte quem tiver coragem de ir assistir.
As lutas
A Batalha nas Doze Casas é corrida (e tava na cara que seria assim), e as lutas que escolhem dar mais destaque são mais rápidas que uma punheta de adolescente e não transparece nenhum perigo aos 'heróis', não são boas o suficiente para transparecer a determinação de Seiya, a fúria de Shiryu ou a emoção de Hyoga contra seu mestre (e como assim ele tá em Aquário e de repente volta pra Câncer? E que merda de canhão é esse no ombro? Porra!).
E note que excluo Ikki e Shun dessa conta, porque infelizmente eles são relegados demais durante as lutas, o que é engraçado porque o Shun é o personagem mais legal na parte 'civil' do filme e o Ikki é genial quando aparece nos seus 30 segundos de batalha - foram os personagens mais respeitados por assim dizer.
Enquanto o visual é deslumbrante, o pouco (muito pouco, cacete!) de batalha que tem é magnífico, e é muito triste que não tenham feito pelo menos uma grande luta. Uma! Nem a última que...
O final, céus, o final
Que é uma merda! O diretor sempre dirigiu coisas de robôs gigantes, e sua interferência é clara nas armaduras (não acho tão horrorosas, tirando o canhão do Camus, todas funcionam no filme). Agora...
Ele me trazer um Monstro Gigante como chefão final é o fim da picada, não ecoa com nada clássico, não é uma solução nova (porra, lutar contra Monstro gigante é mais anos 80 que o A-ha!), e nem oferece perigo algum.
Cavaleiros nunca foi de tamanhos, a ameaça nem sempre era o mais alto, mais musculoso, pelo contrário - a série nunca se prezou por lutas de corpo, porque essa não era técnica de luta dos Cavaleiros. A técnica dos Cavaleiros é o cosmo, cosmo esse que em nenhum momento, os Santos queimaram. Nada é mais CDZ do que o Seiya fazer um esforço brutal, pro seu cosmo brilhar até o infinito e vencer seu inimigo. Isso não teve no filme, e isso diz muito do quanto esse filme respeitou a obra original.
E o futuro?
No mais, a ceninha final com a Atena e os Cavaleiros de Ouro guardando ela é muito bonita e não pense que somos idiotas e não vimos a borboletinha do Myuu de Pappilon ali, senhora Toei. Humf.
Vai vir Hades (será?) e com esse visual, podia ser algo lindo, mas se continuar nessa linha, vai ser outra facada em todos nós, amantes desses Cavaleiros do Zodíaco. A verdade é que se o que tivemos hoje é resultado das crianças de hoje em dia, só nos resta torcer para que a próxima geração seja menos imbecil, quem sabe temos um reinvento mais digno de CDZ.
Pois é. Fiquem com os trailers, que continuam maravilhosos e melhores que o filme.
Bruno, triste, de Pégaso
#voltaseiya