Guerra Mundial Z. Do. Caralho.
Um epidemia mundial do que parece ser uma raiva se espalha e acompanhamos a história de um ex-agente da ONU e sua família fugindo de Nova Iorque para qualquer possível salvação deles e, quem sabe, da própria humanidade.
Que filme incrível - não nos é dado um motivo nem nenhuma explicação para o que causa aquele 'outbreak', e a velocidade com que a família de Brad Pitt precisa superar a urbe enlouquecida, estocar alimentos, enfrentar a asma da filha mais velha para conseguir uma salvação temporária (e só por que ele não é simples mortal, mas importante ex-agente da ONU) dão o tom desesperador do início do filme (que nos cola na cadeira logo de cara).
Mas um filme que se encaminhava pra ser um filme da família que tenta sobreviver inseridos num caos violento (como Guerra dos Mundos, ou aquele do Shyamalan que o vento é assassino) é corajoso o suficiente para mudar o tom e abandonar o protagonista longe de sua família - até para dar a ele mais liberdade sem esse 'peso', embora a todo momento fique escancarado na cara de Brad Pitt sua sempiterna preocupação com sua família (a ponto de ser extremamente indelicado com um personagem perto do final da trama).
O filme é muito bom - e eu achei muito incrível exatamente essa coragem de ficar girando o foco do próprio filme com uma habilidade impressionante - ele é muito bom como um filme de correria pela salvação, ele é muito bom como um filme de desespero familiar, ele é um filme muito bom como um suspense onde o silêncio precisa ser mantido e o som é o inimigo de todos. E o filme se dá o luxo de passear por esses diferentes ambientações com muita competência.
No que tange a zumbis, não temos zumbis nenhum, embora seja compreensível que aqueles inseridos no contexto confuso do filme se refiram dessa forma às criaturas caçadores - assim como no ótimo Extermínio (28 Days Later), temos pessoas vivas atacadas por qualquer coisa que os torna bestiais e irracionais extremamente suscetíveis ao som (que sacada bacana). Onde zumbi, geralmente denota um morto que vive.
Brad Pitt está sensacional no papel - velho, cheio de ruga e extremamente expressivo dando uma humanidade ao personagem que nos carrega pela mão a sofrermos com ele e os seus pares durante a projeção. Fantárdigo!
E há planos já para uma sequência do filme (até por que o livro também tem uma sequência) onde aparentemente veremos, aí sim, uma Guerra - entre aqueles que sobreviveram e os milhares de criaturas dormentes em todas as cidades. E estou curioso para isso, pois é mais uma chance para o filme girar nos seus calcanhares e apontar para outra direção (o filme de Guerra).
Caraca, muito bom. Ótima surpresa.
Bruno Portella