Pular para o conteúdo principal

Trissômico 21

(Texto resgatado e enviado ao autor, a resposta ao final)

Li O Filho Eterno de Cristóvão Tezza.

O livro autobiográfico do autor curitibano trata de um paralelo entre o nascimento de seu filho com flashes de sua adolescência transcendente em busca de um abrilhantamento qualquer no seio de um guru messias; mais sobre seu filho Down do que um Cristóvão aviltante, na verdade. O autor aplica uma ótica nova sobre antigos momentos a partir de um aprendizado corrente que têm ao (re)contar a vida de Felipe, seu filho Down nascido nos anos 80.


Está na coragem de expor seus interinos pensamentos e aflições acerca deste filho que, num primeiro momento, desconhece como filho – pária da genética. Trissômico.

Não é bonito, não é ético e não seria imoral, não fosse autobiográfico. Foge do moralismo falso e enganador ao tratar da síndrome de uma forma tão particular e verdadeira, sem a maquiagem do bom cordial, da exaltação deste estranho mundo que seu próprio filho habita, da proclamação de que ele sim, trissômico, é iluminado pela genética e habita um lugar elevado – como se a falha genética fosse uma evolução e não uma falha de fato.

A conversa entre sua adolescência ‘rebelde’ e a infância repetitiva de seu filho é sutil e, vez ou outra, parecem se completar, como se as experiências conversassem entre si em um exercício de ‘ligue-os-pontos’ entre o passado e o futuro.

Como diz a contra-capa, algumas coisas não coincidem com a idéia de que fazemos delas, e ao tratar de seu filho, o cuidado que o autor tem ao lidar com ele, certamente não coincide com o que imaginamos que seja dito/escrito sobre a síndrome de Down.

Grande livro.

Bruno Portella – 2009

Prezado Bruno,

Obrigado pela sua leitura e por suas palavras!
Fico feliz que o livro tenha despertado em você o desejo de escrever.
A idéia de “ligue os pontos” é ótima!
Abraço grande, com os votos de um bom 2009, do

Cristovão

Postagens mais visitadas deste blog

1Q84

Pediram pra eu ler. Quem pediu, tinha crédito por ter indicado outras coisas muito boas. Daí eu li. Também já tinha ouvido falar do livro, não lembro quando. Também já tinha visto a capa, não lembro onde. Tenho usado o Goodreads pra manter um acompanhamento dos livros que voltei a ler e o primeiro caso que criei foi que cadastrei ele como IQ84 e não 1Q84. É diferente. E eu realmente achei que fosse IQ, como se tivesse a ver com quoficiente de inteligência e não com uma data. Logo no começo do livro, entendi que se passava em 1984, então o primeiro mistério eu resolvi: era 1Q84, referente ao ano. Bastava prestar melhor atenção na capa. Mas essa bobagem foi o primeiro momento de abrir a boca e falar sozinho: a, tá! Burro, você pode pensar. Mas por mim tudo bem. Troquei o registro no Goodreads pensando que eu era mesmo burro. Daí voltei pro livro. Gosto de ler livros ouvindo música instrumental. Nesse caso, como era nos anos 80 e ambientado no Japão, eu procurei uma lista de músicas adequ...

De Bolsão à Montanha da Perdição [O Começo do Desafio Éowyn]

Preciso fazer exercício. Decidi caminhar. De Bolsão até a Montanha da Perdição, como fez Frodo e o herói Samwise. Aqui vai meu diário contando a minha quilometragem real com a de Frodo e seus amigos na Terra-Média, de acordo com o registro do Desafio Éowyn [ Link ] 5 de Maio de 2025 Bruno Aniversário do amor da minha vida. O céu estava com poucas nuvens. Voltei a trabalhar depois de um feeriadão (1 de Maio na quinta, que ganchei na sexta). Recebemos a família dela pela primeira vez em São Paulo. Foi lindo demais. Cansamos horrores. Hoje eu caminhei enquanto assistia dois episódios de Dragon Ball Z, o final da batalha contra o Kid Buu. Goku usou a Genki Dama para vencer.  Fiz 1.1 quilômetros caminhando bem tranquilo Pouquíssimo, claro. Mas pra quem nunca anda, estou feliz. Cenário do Filme Basicamente saí de Bolsão, dei a volta nele como fizeram Frodo e seus amigos, e passei por um portão em direção à uma rua ao Sul do Condado. E vamos até Mordor! Um dia eu chego. Não tenho tanta pr...

DARK

Jovens alemães, uma cidade no interior em que todo mundo se conhece, uma floresta; desaparecimentos de crianças e mistérios temporais. Um baita seriado envolvente, bom de-mais! Você pode achar, ahh, é um Stranger Things europeu; e vários elementos são realmente semelhantes, mas o jeito de contar a história, o envolvimento de tanto mais personagens dentro dos mistérios e o envolvimento no tempo, não só no mistério, mas na narrativa da série torna tudo muito diferente e curioso. Ao mesmo tempo... mexer com tempo sempre traz o problema dos paradoxos. Difícil uma obra mexer nesse vespeiro e ser perfeitinha. Mas ela se dedica tanto que, se há qualquer coisa fora de lugar, eu preciso pensar mais do que a primeira vista da série para encontrar algum problema. E nem vale a pena pensar nisso com tamanha qualidade de imagem, uma trilha sonora muito boa e um clima esquisito de uma série difícil de parar de ver. Mistério dos bons. Bruno Portella