(Texto resgatado e enviado ao autor, a resposta ao final)
Li O Filho Eterno de Cristóvão Tezza.
O livro autobiográfico do autor curitibano trata de um paralelo entre o nascimento de seu filho com flashes de sua adolescência transcendente em busca de um abrilhantamento qualquer no seio de um guru messias; mais sobre seu filho Down do que um Cristóvão aviltante, na verdade. O autor aplica uma ótica nova sobre antigos momentos a partir de um aprendizado corrente que têm ao (re)contar a vida de Felipe, seu filho Down nascido nos anos 80.
Está na coragem de expor seus interinos pensamentos e aflições acerca deste filho que, num primeiro momento, desconhece como filho – pária da genética. Trissômico.
Não é bonito, não é ético e não seria imoral, não fosse autobiográfico. Foge do moralismo falso e enganador ao tratar da síndrome de uma forma tão particular e verdadeira, sem a maquiagem do bom cordial, da exaltação deste estranho mundo que seu próprio filho habita, da proclamação de que ele sim, trissômico, é iluminado pela genética e habita um lugar elevado – como se a falha genética fosse uma evolução e não uma falha de fato.
A conversa entre sua adolescência ‘rebelde’ e a infância repetitiva de seu filho é sutil e, vez ou outra, parecem se completar, como se as experiências conversassem entre si em um exercício de ‘ligue-os-pontos’ entre o passado e o futuro.
Como diz a contra-capa, algumas coisas não coincidem com a idéia de que fazemos delas, e ao tratar de seu filho, o cuidado que o autor tem ao lidar com ele, certamente não coincide com o que imaginamos que seja dito/escrito sobre a síndrome de Down.
Grande livro.
Bruno Portella – 2009
Prezado Bruno,
Obrigado pela sua leitura e por suas palavras!
Fico feliz que o livro tenha despertado em você o desejo de escrever.
A idéia de “ligue os pontos” é ótima!
Abraço grande, com os votos de um bom 2009, do
Cristovão