Tenho jogado simultâneamente três jogos que acabei de adquirir na Steam Sale (god dammit Gabe): Max Payne 3, Skyrim e Fallout: New Vegas.
Skyrim e Fallout tem um ritmo bem parecido: com muitas falas (todas elas dubladas, o que torna o jogo super lento, mas interessante), e boas distâncias para percorrer a pé, o que torna o jogo longínquo – se é que isso é palavra que se use numa resenha de jogo. Acho bacana essa coisa de um mundo mais aberto de você andar, de ter o seu tempo, de poder fazer as coisas na sua cadência (completamente o oposto de Modern Warfare 3, que é o caos).
Fallout: New Vegas tem se revelado extremamente criativo na criação do seu mundo e nas diversas opções que você tem pra desenvolver seu personagem. É a cara do Chris Avellone, lead designer responsável pelo eterno Planescape: Torment – a história até se resvala, o homem que acorda ‘da morte’ sem saber de nada e vai atrás dos que fizeram aquilo com ele. O plot funciona muito melhor em Torment (por conta da amnésia) do que em Fallout, mas relevemos.
E tem essa mesma cadência de Skyrim, falas dubladas, longas, lentas, viagens incrivelmente longas – mas o jogo inteiro é divertido e curioso por que une elementos completamente estranhos: a distopia de um mundo em reconstrução no deserto de Mojave, esse clima impressionante de faroeste, com músicas completamente hill billy e countrys, ao mesmo tempo que se une a tecnologias extremamente avançadas como robôs de personalidade única e visuais meio pós-punk. Me lembra um pouco Mad Max. Curti.
Em Skyrim, por outro lado, tem aquele ar de jogo clássico de RPG, uma coisa meio idade/terra-média, falas pomposas, situações epopéicas, dragões, cidadinhas, castelos. Tenho achado pouco criativo por enquanto; a parte mais criativa do jogo até agora é o meu personagem que é um gato chamado Simba usando um capuz de mago com um arco nas costas – os demais parecem todos genéricos do romance de Tolkien. Mas tenho dado uma chance pro desenrolar da história. Permite escolhas de falas menos presas baseado nos seus stats, o que é bom, posto que eu sempre faço personagens extremamente inteligentes e carismáticos (posto que sou péssimo em combates).
E Max Payne é um show. Um show. Puta jogo animal. Fico chocado como Max Payne é o único jogo talvez que consiga uma ótima solução pra ser um jogo de tiro foda, sem ser em primeira pessoa. Fora que a ambientação em São Paulo é muito boa – no sentido desse clima de contraste, alguns prédios ao fundo que lembram a paisagem paulistana. Até agora eu não percebi nenhum lugar conhecido, mas está ótimo. As falas em português aliás é que estão super bem escritas, mas a dublagem ainda tem um quê estranho em alguns momentos, certos momentos parece muito natural como um Tropa de Elite, mas tem outros que lembram um pouco aquele português de Velozes e Furiosos, eu fico me perguntando, que tipo de dublagem é essa.
Mas o mais bacana do Max é justamente o personagem central, o jogo une a ação frenética de um homem com alguns flashes de sua vida em São Paulo, cinemáticos super bem animados com intervenções textuais no vídeo que são muito legais. Cria uma conexão fortíssima com o personagem.
Estou no começo de todos eles, mas tenho gostado bastante das aquisições. Estão repondo com sucesso o vazio deixado por Half-Life e Modern Warfare 3 (que havia acabado de terminar). Espero no final ser um gato sucedido no mundo fantasioso, um negro Prince falastrão em New Vegas e um tira apaixonado em São Paulo. Veremos.
Bruno Portella