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Jogos Vorazes

Ouvi um comentário aqui e outro acolá sobre o filme, e depois descobri que era uma adaptação de um livro bem sucedido por aí. Não aqui. Fiquei curioso, o título era instigante, vi um cartaz em outra sessão e decidi que valia a pena dar uma vista – não li sinopse, nem do filme nem do livro. Fui de cara lavada.

De cara, minha percepção crua ao final do filme: puta filme legal, diferente (vem com a gente…).


Em um futuro distópico (será?), depois de passar por uma séria guerra, a capital de Panem promove o que eles chamam de Jogos Vorazes (Hunger Games) – um reality show em que jovens de 12 distritos pobres precisam sobreviver numa selva controlada, e aquele que sobrar – vence. Leia-se vencer por sobreviver. A matança é liberada e a ideia é que os partícipes (essa palavra existe?) se matem. O reality show é a grande febre dos bem aventurados desse país estranho – que me lembra demais aquela frase deliciosa e pessimista de Roger Waters: this species has amused itself to death. É exatamente isso. Dá um ligo no nome do país: Panem, aquele do pão e circo, sacou?

Não fosse somente a língua azeda e ácida na crítica de como um reality show consegue alienar um povo a ponto de pouco ligarem para mortes horrendas transmitidas a céu aberto, ainda sobra a criatividade de usar um futuro distópico com muita tecnologia envolvida, uma moda completamente revisitada no começo do século (algo muito de steam-punk colorido) – mas que serve apenas como um pano de fundo para o que realmente interessa no filme: a total falta de interesse pela vida das pessoas, apenas pelo espetáculo. (Tão fácil colocar o porco Boninho ali no lugar do diretor do show.)

E é fascinante observar como, tanto nos momentos que antecedem a vivência na selva, como dentro dela, alguns personagens começam a compreender que a sobrevivência não depende apenas de se mater vivo, mas sim de cativar o público, motor que define o rumo do programa – até mesmo quem morre e quem sobrevive.

Tenho um amigo que costuma dizer que adora quando pegam sub-temas e o refazem de uma forma completamente inovadora – como Deixe Ela Entrar, com vampiros. Ouso dizer que aqui esse é o caso, e ao que tudo indica não é o único filme da franquia – já que o livro alcançou o patamar de trilogia (mas que mania!).

Achei muito bom para uma primeira vista, o filme pouco se importa em desenvolver motivos maiores para os jogos, para a discrepância entre a Capital e os distritos, mas honestamente isso não faz a menor falta no filme – e é facilmente imaginável que esses pontos sejam melhores desenvolvidos pelo livro. Que pretendo ler.

Agora é aguardar saírem os outros dois.

Bruno Portella



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