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Guerra nas Estrelas

26 anos, dizem. E eu nunca havia visto Star Wars.

Esse sou eu. Crescido formando uma bagagem multicultural que na infância idolatrou os Cavaleiros da Justiça e sem fundamento tentou inverter o fluxo do chuveiro, se banhou das mais sortidas influências japonesas – do cult Evangelion, determinando no meu existencialismo, ao estimável Jaspion, que tanto bebeu da fonte de George Lucas – do sabre de luz ao visual Darth Vader de Satan Goss, que nem podemos culpá-lo já que Lucas tomou de assalto o visual oriental.

Livros kafkianos, a obsessão pela ficção espacial de Doris Lessing, o fascínio pela ficção científica dos filmes da década de 90, e ainda hoje o apreço muito maior pela fantasia e o inimaginável do que a dramatização do cotidiano.

E ainda assim, nunca havia visto Star Wars.


Fui atrás e a grande Priscila Queiroz arranjou uma maratona com os três filmes na casa dela – ela que é fascinada e tem até autógrafo de muita gente, além de ter todas as versões possíveis do filme (que parece ter sofrido muito ajusto ao decorrer do tempo). Ponto pra ela, bom pra mim que vi os três primeiros (IV, V e VI) na ordem com hambúrguer, pipoca e comentários de bastidores e curiosidades.

Não era como se eu nunca tivesse visto nada, também – vivendo no mundo em que eu vivo, é impossível você não ser impactado por alguma coisa de Star Wars – figurinos, músicas, jogos e até mesmo revelações da trama – é impossível hoje em dia alguém, ainda que não tenha visto, não saber que o hóme é filho do cara. Mas ainda assim, foi tudo muito surpreendente – principalmente o último filme.

Uma Nova Esperança

Dos três primeiros, esse é o que eu mais lembro de ter visto um frame ou outro na internet ou mesmo zapeando na TV, nunca entendi a história toda e essa foi a oportunidade. O ritmo setentista, essa coisa mais pensada, mais tranquila. Gosto disso, não me estranha ver filmes antigos que tem mais essa pegada lenta ainda que hoje seja tudo frenético. O filme inteiro passa muito bem, sem cansar, apresentando todos os personagens (como essa Princesa Leia é linda, não?). Embora com todo o misticismo atrás do vilão é estranho como nesse primeiro filme eu tive a impressão de que ele era mais um cara ali entre a galera do mal – certamente muito mais poderoso, mas ainda não era alguém pelo qual todo mundo cagava de medo (ao que todos me pediram pra esperar pelos outros filmes).


O Império Contra-Ataca

O melhor dos três – o que tem as melhores cenas de batalha (toda aquela zona no gelo no começo é muito legal), e os melhores embates finais. Mas aqui cresceu um sentimento de desgosto com o Luke – era metade do filme e eu ainda não estava plenamente convicto de que deveria torcer por ele, o tal herói da trama, o que causava um dilema, por que o ‘núcleo’ dele era muito mais interessante do que o outro – Yoda muppet muito foda (fico chocado como conseguem transmitir tanta coisa com um boneco). mas sem dúvida que o meio-fim do filme é sensacional, quando tudo se junta e Luke finalmente enfrenta Darth. A cena toda é foda, tem toda razão de merecer toda veneração que tem. Mesmo sabendo das revelações, não deixa de ser incrível a maneira como foi feito, o clima que é criado, a música envolta, o cenário. Tudo. Foda.

O Retorno de Jedi (ou seja como for)

O mais fraquinho. Não gostei nada dos ursinhos gummies e se até essa parte da trilogia é complicado engolir a incompetência do exército do Império, aqui fica um absurdo como eles perdem de forma acachapante para os Lost Boys do Peter Pan, versão ursos anões – para. Todo o núcleo dos ursinhos é muito chatinho – o que é uma pena, pois é justamente onde ficam a maior parte do tempo os protagonistas e mesmo depois quando Luke se entrega (que cena foda!) e passa a ter sua própria parte junto com seu pai – toda vez que cortava pros ursinhos, eu queria me matar. Mas o final é surpreendente, se eu sabia de antemão que um era parente do outro – quando o sabichão do Yoda realizou a todos que a Leia era irmã dele (yuck) e depois a redenção do Vader, isso tudo foi novo pra mim e me fez sentir-me muito surpreendido.

Ao final, a maratona mais do que valeu a pena – talvez eu não tivesse me divertido tanto, não fosse o formato. Já posso ticar na lista de afazeres da vida, que sim, eu vi Star Wars, embora seja um pouco decepcionante perder esse valete de surpresa que as pessoas ficavam quando eu dizia que nunca tinha visto. =D

Mas tudo bem, continuo não achando nenhuma graça nos Beatles.

Bruno Portella

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